quinta-feira, 8 de março de 2012

Devaneios no firmamento - Por quê a Mulher tem um dia

     A primeira menção do dia da Mulher, de que tenho conhecimento, foi em 28 de fevereiro de 1909. Por iniciativa do Sindicato International Ladies' Garment Workers' Union, foi organizado protesto pelos direitos de trabalho das mulheres da indústria têxtil, mais especificamente, trabalhadoras da empresa Triangle Shirtwaist de Nova York. O Sindicato International Ladies' Garment Workers' Union intencionava assinar um acordo coletivo, porém o protesto terminou infrutífero e a Triangle Shirtwaist recusou-se a firmar acordo. Estas mulheres trabalhavam 60-72 horas por semana, para receber 6-10 dólares.
     Nos anos de 1910 e 1911, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado em 19 de março, em diversos países.
     Porém, no dia 25 de março de 1911, o Edifício Ach, situado à esquina das ruas Greene Street e Washington Place incendiou-se. Nos últimos andares deste edifício instalava-se a Triangle Shirtwaist.
     Até então, condições de segurança eram praticamente inexistentes, não havia extintores, os têxteis eram armazenados sem qualquer cuidado, a iluminação era a gás, o numero de fumantes ocupava mais de 50% dos trabalhadores. O alerta do incêndio não chegou ao nono andar a tempo. Das duas únicas saídas existentes, uma estava trancada, para evitar que as trabalhadoras (aquelas que trabalhavam 60-72h/semana) saíssem para pausas durante o expediente. A única saída que restava, já estava bastante comprometida, desabou na tentativa de fuga. Algumas mulheres em desespero atiraram-se das janelas do nono andar e no fosso do elevador. 54 mulheres morreram na queda, sendo que o total de mortes no desastre foi de 146. Este foi considerado até o dia 11 de setembro de 2001, o maior desastre da história dos Estados Unidos.

     Por motivo deste desastre, muitos protestos feministas ocorreram por melhores condições de trabalho.
     Então, em 1917, durante a comemoração do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março (23 de fevereiro pelo calendário Juliano) na Rússia, mulheres, trabalhadoras da indústria têxtil, protestavam, em greve, contra a fome e a miséria no país. Este protesto cresceu inesperada e desmedidamente, e acabou por inaugurar a Revolução Russa, que resultou a queda do Czar e em outubro do mesmo ano, a instituição do socialismo soviético.
     Assim foi então, instituído o dia Internacional da Mulher, como um símbolo da mulher heroica e trabalhadora, que sai às ruas e luta por seus direitos, por igualdade.


     Hoje em dia, esta data é tratada como chacota, com graça, e como mais uma justificativa para o comércio capitalista desmedido. É por vezes ridicularizado por não haver o dia do homem.

     Mas eu gostaria que todas as mulheres não se esquecessem, e em especial neste dia, que houve ancestrais, que lutaram e sofreram para que hoje, você tivesse o direito de estar sentada à frente deste computador, trabalhando, com um salário igual ao de seus colegas homens, que certamente, não é um salário que a satisfaz, mas ao menos você trabalha 20-22h/semana.
     E você reclama! Mas, se você não sai às ruas, pra lutar por seus direitos, então, não é digna deste dia, e este dia não lhe pertence. E você não será incapaz de compreender, como é não ser dona do próprio direito, da própria vontade, do próprio corpo. Não compreenderá qual deve ser a sensação, de ser propriedade e não pessoa, de ser vendida de seu pai ao marido e não der o direito de interferir sobre a educação dos próprios filhos. Não ter direito de propriedade, mas sim, ser propriedade de outrem. Não compreenderá o que é não ter direitos.
     Então hoje, honre estas mulheres, aquelas que sabem o que é ser tudo isso, aquelas que lhe deram tudo. Aquelas que mereceram esse dia. E não se esqueça, que é por isso que as mulheres tem o próprio dia.

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